segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A globalização e os trabalhadores

A mundialização dos mercados financeiros, junto com o progresso das técnicas de informação, acabou gerando uma violência estrutural em relação ao contrato de trabalho: a precaridade do trabalho, o medo da demissão e o "enxugamento" podem, como o desemprego, gerar angústia, desmoralização ou conformismo.
A profunda sensação de insegurança e de incerteza sobre o futuro e sobre si próprio que atinge todos os trabalhadores deve sua colaboração particular ao fato de que o princípio da divisão entre os desempregados e os que têm emprego parece estar na competência escolarmente garantida, que também explica o princípio das divisões, no seio das empresas, entre os executivos e os ''técnicos'' e os simples operários.
A generalização da eletrônica, da informática e das exigências de qualidade, que obriga todos os assalariados a novas aprendizagens e perpetua na empresa o equivalente das provas escolares, tende a redobrar a sensação de insegurança(...). A ordem profissional e, sucessivamente, toda a ordem social, parecem fundadas numa ordem das ''competências'', ou, pior, das "inteligências".
Sempre em situação de risco, os trabalhadores - condenados à precariedade e à insegurança de um emprego instável e ameaçados de serem relegados à indignidade do desemprego - só podem conceber uma imagem desencatada tanto de si mesmos, como indivíduos, quanto de seu grupo.
Outrora objeto de orgulho, enraizado em tradições e em toda uma herança técnica e política, o grupo operário (...) está fadado à desmoralização, à desvaloralização e à desilusão política, que se exprime na crise da militância ou, pior ainda, na adesão desesperada às teses do extremismo fascistóide.

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